quarta-feira, 29 de abril de 2015

Na luta também se educa

O dia de hoje, 29 de abril de 2015, entra para a história da educação pública deste país como o Dia da Vergonha.



A situação na cidade de Curitiba, capital do estado do Paraná, beirou a catástrofe. Os professores da educação básica, da educação superior e servidores das áreas da saúde, do judiciário, dentre outros entraram em greve porque o governo do estado, falido pelo atual governador, enviou para a Assembleia Legislativa um projeto de lei que o autoriza a usar os recursos da previdência dos servidores na ordem de 125 milhões por mês. Em 4 anos o rombo será de 8 bilhões. 
Havia sido feito um acordo no mês de fevereiro que pôs fim à primeira greve. Pelo acordo, o projeto de lei seria retirado pelo governo. Foi retirado, mas reencaminhado no mês de abril. 
Na tarde do dia 28 de abril houve uma ação de violência assustadora com bombas de gás lacrimogêneo, spray de pimenta, jatos de água e corpo a corpo protagonizado pela tropa de choque da Polícia Miliar contra os professores e os demais servidores. 
Contrariando todas as regras estabelecidas, os policiais estavam fortemente armados e foram chamados de todas as regiões do estado para cercar a ALEP. Isso porque em fevereiro os professores  haviam ocupado a ALEP e conseguido impedir a votação. 
Hoje eram mais de dois mil policiais.
E vieram professores de todo o estado para proteger o que é seu por direito. 
A tensão foi alimentada por helicópteros voando baixo, cavalaria e policiais portando cacetetes e até armas de fogo. 
Enquanto na praça educadores eram agredidos, dentro da Assembleia os deputados da base governista insistiam na aprovação do Projeto de Lei. Foram duas horas de barbárie: balas de borracha, spray de pimenta, gás lacrimogêneo, cães, helicópteros que resultaram em mais de 150 feridos fisicamente, oito em estado grave. 
Ao fim e ao cabo, a Lei foi votada e aprovada. 
Perde a sociedade, perde nossa já frágil democracia, perdemos todos. A lição dada por esses professores e professoras, porém, é a de que lutar vale sempre a pena. 
Em Nota, afirma o sindicato dos professores: "E assim, neste dia, apesar da resistência pacífica e heróica dos(as) servidores(as) estaduais, a tramitação do projeto do governo continuou. Ao custo de sangue e lágrimas de centenas de trabalhadores(as). E isto, sim, é de lamentar e repudiar. Além de não podermos entrar e nos manifestar na Casa do Povo, fomos expulsos violentamente das ruas. É um desrespeito ao Estado Democrático de Direito. É o retorno de uma ditadura insana, na qual a vaidade e o projeto personalista do senhor governador se sobrepõe ao de milhares de trabalhadores e trabalhadoras" (APP Sindicato).
Na figura dessa professora externalizo meu eterno respeito e admiração a esses/as homens e mulheres que educam na luta. A vocês, a minha homenagem:
"O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem". (João Guimarães Rosa).





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