sábado, 11 de abril de 2015

Em busca de um ensino médio mais próximo dos jovens

Entrevista ao Portal do Professor


Portal do Professor – A reformulação do ensino médio passa pela redução de conteúdos?
Monica Ribeiro – É muito problemático falar que o ensino médio é conteudista. A depender de como, metodologicamente, o conhecimento é trabalhado, pode-se ter uma lista de dois conteúdos e ser conteudista. O que muda a ideia de não ser conteudista é o enfoque que se dá ao conhecimento na escola. Desde que esse conhecimento faça sentido para os jovens e tenha um poder de explicação sobre a realidade, não é o número de conteúdos que vai qualificar o currículo. Não é tirar e diminuir uma lista de conteúdos que vai qualificá-lo. Talvez, fazer isso seja empobrecer a formação de nossos estudantes. Penso que qualificar o tempo de permanência do aluno, e fazer sentido para ele, é que a escola o auxilie a compreender o mundo em que vive. Conteudista é uma lista de conteúdos com base no mero caráter informativo de repasse de informação. O que vem ao caso é saber quais conhecimentos qualificam o tempo de permanência do aluno na escola. Isso significa, ainda, pensar um formato de formação de professores que não seja mera repetição de conceitos, mas pensar quais conhecimentos são relevantes e em que momento são relevantes para aqueles estudantes, em sua situação de vida. Isso não quer dizer abandonar conteúdos, mas priorizar conhecimentos, assegurando o domínio de produção e elaboração desses conhecimentos.
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– Portal do Professor: Já é possível, então, resumir as principais ideias que estão sendo pensadas para um novo ensino médio no Brasil?
Monica Ribeiro – A ideia de um currículo mais integrado, menos fragmentado, que busque superar a fragmentação das disciplinas que não dialogam entre si, aquele isolamento disciplinar – química é química, física é física –, está posta desde a origem das diretrizes curriculares. Outra ideia é o diálogo com os jovens por meio de uma organização do currículo, do conhecimento na escola que leve em consideração as várias juventudes que temos: a negra, a indígena, a do campo, a da cidade, homem, mulher, homossexual, dessa religião, daquela outra. Essas várias cores e esses vários movimentos de jovens não podem ser estranhos ao currículo que a escola oferece. Ou esses jovens se veem representados no que a escola oferece ou a escola não faz sentido para eles. Esse é um elemento que já nas diretrizes curriculares, na resolução do Conselho Nacional da Educação, no ProEMI, na discussão do pacto do ensino médio. É uma escola que busca acolher esses jovens e pensar em um conhecimento que, de fato, seja dirigido a eles, não ao contrário. Uma perspectiva de escola que não seja meramente preparatória para o vestibular. Essa é outra ideia. O ensino médio precisa fazer sentido nele mesmo. É a última etapa da educação básica, não pode ser antessala da universidade. É educação, não cursinho preparatório para o mercado e para a educação superior. Essa foi a tradição do ensino médio.



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